Xeretar

sexta-feira, 26 de março de 2010

As Minorias - Parte I

Gente, hoje, e nos próximos posts, vou falar um pouco a respeito das minorias. Assunto mais na moda do que esse impossível!! Por todos os cantos, o que vemos, ouvimos, falamos, lemos, envolvem a galera que vive "à margem do sistema", segundo a evolução e o desenrolar de nossa história e também segundo alguns intelectualóides que não possuem uma bela esposa pra tomar de conta (pra serem chatos como são, só pode ser falta daquilooo)...

Mas duas minorias que estão bastante em voga no momento são os negros e os homossexuais. Discriminação é crime. A homofobia tá indo pelo mesmo caminho. Ótimo!! Acho isso ótimo!! Acho que as minorias têm sim que ter cada vez mais voz. Assim como euzinha, classe média tadinha!

Bom, existem algumas considerações a serem feitas... Vamos falar um pouquinho das cotas (quotas)?? Sinceramente não acredito que um negro tenha uma menor condição intelectual de ingressar em uma faculdade do que um branco. Não por ser negro. Uma pessoa pode estar em desvantagem em relação à outra nessa situação por não ter tido acesso às mesmas possibilidades e condições de estudo do que outra. Sendo assim, deveria haver cotas (quotas) para estudantes da rede pública ou alunos daquelas escolas particulares beira de esquina. Esses sim! Independente de raça, sexo, religião, estão absolutamente em desvantagem com relação aos que tiveram acesso à boas escolas, bons cursos etc. Os que dependem do ensino público, esses sim, merecem uma ajuda! Já que por mais que se esforcem, estudem, batalhem, a desvantagem em relação aos que têm em mãos bons livros, bons materiais, bons professores, será sempre covarde. Acho de verdade que os negros que apóiam as cotas, colaboram para o preconceito. Acho de verdade que as cotas diminuem demasiadamente o valor de um negro.

Eu tive um professor de literatura no 3º ano do Ensino Médio, excelente por sinal, negro. Lembro-me muito bem de uma história que ele nos contou em sala de aula, indignado. Na época, eu morava em São Luís (MA). Lá existem muitos clubes de reggae. O professor nos contou que foi a um desses com a esposa e mais um casal de amigos. Estes eram brancos. Ao tentarem entrar no local, o segurança disse ao meu professor que ele e a esposa poderiam entrar, mas que o outro casal não, pois ali não era lugar para brancos. Meu professor ficou chateado e sugeriu ao casal amigo que procurassem uma delegacia e registrassem queixa, no que lhe responderam: "Mas vão rir das nossas cara na Delegacia. Preconceito contra branco não existe..."

Eu, quando mais nova, costumava visitar minha avó que morava lá em São Luís, em um bairro muito pobre... Era sempre uma diversão reunir toda a família lá. Mas uma coisa sempre me intrigava. Todas as crianças, e eram negras, brincavam na rua. Eu e minha irmã, ficávamos no portão, observando, loucas pra brincar junto com as demais. Nunca nos chamavam. Só a vizinha da frente, uma menina branca, magrinha, do cabelo liso. Certa vez, perguntei para ela porque as outras meninas não queriam brincar com a gente, porque elas não falavam comigo nem com a minha irmã e porque nunca podíamos brincar com elas. Eis que ela respondeu: "elas dizem que não vão se misturar com as branquicelas metidas..."

Pessoas... Não pensem que eu sou a favor do preconceito ou coisa do tipo, isso jamais! Sei também que os casos que envolvem preconceitos contra negros é infinitamente, demasiadamente maior do contra brancos, é claro. Mas acho que as minorias devem lutar de uma forma menos hipócrita entende? Preconceito existe para todo mundo, seja você negro, gay, gordo, católico, branco, mulher, evangélico, enfim! Como disse há pouco, claro que determinados grupos sofrem de uma forma mais incisiva que outros. Mas sabe, acho que o maior preconceito está dentro de nós, dentro da nossa cabeça. Por que você, negro, pode me chamar de leite azedo e eu não posso te chamar de negão?? Por que você pode usar uma camisa com o dizer "100% negro" e eu não posso sair com uma "100% branco", pois é uma afronta (já fiz o teste tá? Não me receberam bem nas ruas não...)?? Porque sim, o preconceito está na sua cabeça!

Acredito que independente de cor, raça e sexo, você tem que se fazer respeitar pela pessoa que você é. Pelo seu caráter. Pela sua dignidade. Não porque você é um pobre coitado. Não! Se você é negro, se você é gay, se você é mulher... Se você é CAPAZ, não vai existir no mundo alguém que lhe feche as portas. Se você for honesto, esforçado, batalhador, digno... As portas sempre estarão abertas. Ou não, elas podem se fechar. Acontece. Com todos. A diferença é que uns se abatem, outros lutam.

Em algum momento de nossas vidas, vamos esbarrar com o preconceito. Infelizmente. Você porque é negro, eu porque sou uma patricinha engomada cabeça de vento, a outra porque é loira, o outro porque é cadeirante, fulano porque é obeso e por aí vai. Isso tem que ser combatido, é claro. Mas acho que de uma forma digna. Não depreciativa. Não colocando as minorias como alguns coitados que merecem migalhas. Não! E sinceramente, acho que é isso que acontece. Cotas são migalhas.

Para o preconceito acabar, primeiro as cabeças dos que sofrem com isso vai ter que mudar... A sua mente tem que mudar! E quando isso acontecer, com certeza menos preconceito você vai enxergar...

(Continua)


terça-feira, 23 de março de 2010

Era uma vez um Rolex...

Em meados de 2007 o apresentador Luciano Huck teve seu Rolex roubado por motoqueiros, na Zona Sul de São Paulo. Em entrevista à Folha de São Paulo à época, o Luciano demonstrou toda sua indignação por conta da violência que sofrera. E com toda a razão!! Na ocasião, falou ao repóter da Folha: "Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa ."

Não é segredo para ninguém que o Luciano Huck é membro de uma família paulistana abastada. Poderia muito bem ser mais um desses playboys que vemos por aí, que aparecem de vez em quando no escritório do pai e fingem que trabalham e vivem só para desfrutar das boas coisas da vida que o dinheiro pode comprar. Sem se importar. Mas não! O Luciano escolheu trabalhar. Escolheu ralar. Em vez do Direito, resolveu seguir a carreira de jornalista. Trabalhou em rádio, começou na TV Gazeta com um programa que durava dez minutos no final da noite e, hoje, sabemos aonde o Luciano chegou. Ele é um exemplo de "gente que faz". Seu programa é um sucesso, não só pela competência do Luciano como apresentador, mas à custa de um trabalho árduo e de um coração bondoso. Ele não para. Ele batalha. Ele investe. E trabalha mais. E mais. E paga seus impostos. Cumpre seu papel de cidadão não somente paulistano, mas brasileiro.

Resolvi falar desse episódio porque ilustra bem algo que quero dizer hoje neste post. À época, muitas pessoas chegaram a dizer que o Luciano tinha mais era que ter o Rolex roubado mesmo. Afinal, onde já se viu sair com um relógio desses pelas ruas de SP?? E ahh... Ele tinha dinheiro para comprar outro igualzinho. Ou outros tantos que quisesse. Bem feito para o Luciano Huck!! Isso diziam as pessoas...

E então eu me pergunto: que absurdo é esse?? Em que país vivemos?? Uma pessoa que trabalha (e muito), que ganha seu dinheiro de uma forma absolutamente honesta, que é um cidadão em dia com seus impostos, que demonstra que se importa e por isso criou uma ONG, não pode ter aquilo que seu dinheiro pode comprar? Por que não? Por que ele tem que ter vergonha do dinheiro que tem? Acredito que vergonha deva ter o Arruda, os mensaleiros, alguns tesoureiros de determinado partido e até o "nosso Guia"... Eles deviam se envergonhar de exibir suas propriedades compradas com o seu dinheiro, com o dinheiro do seu pai, do meu, com o dinheiro do Luciano, enfim, com o dinheiro de todos nós! Às vezes são até castelos!! Ah, mas esses daí não sentem vergonha, afinal não sabem o quanto é necessário suar para construir um patrimônio digno, limpo e que nos proporcione uma vida um tanto confortável. Eles não têm idéia do quanto isso custa.

Mas porque um cidadão honesto como o Luciano Huck, como meu pai, como o seu pai, como você e eu, como tantos outros, devemos ter vergonha de nossa condição social?

Eu quero poder gritar. Eu quero poder ter voz. Quero poder dizer que sou contra o populismo. Quero poder dizer que pobreza não é desculpa para seguir o caminho da bandidagem. Quero poder gritar e ter o direito de me revoltar com gato de luz, de água, de TV por assinatura e internet, dentre outras benesses. E por que eu devo achar que isso é justo? Que é uma compensação pelo fato dessas pessoas serem pobres? Isso é furto. Isso é crime. A vista da colina é melhor do que a minha. Não acho justo!! Não acho mesmo!! E se eu disser que, se é justo que meu pai pague por tudo isso porque "moramos bem", é justo que eles paguem o preço através do convívio com o tráfico, balas perdidas, abusos policias? É o preço. Vou parecer um monstro?

Quero poder gritar!

Até a próxima!!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Bienvenidos!!

Olá meus queridos (e provavelmente nenhum) leitores!! Tenho a honra de apresentar-lhes o meu já amado (por mim mesma) blog!

Sou Ana Carolina, filha do Baía e da Sandra, irmã do meio de Juliana e Rafael, neta da Olguinha e dinda do Roger!! Moro em Copa, bairro maravilha, purgatório da beleza e do caos (com a devida licença poética)!!! Amo minha Copacabana, amo essa muvuca, amo a diversidade desse bairro, amo a minha vista pro mar, amo a maresia!!! Não gosto das favelas, não gosto da pivetada, não gosto de idosos que se valem disso só pra terem o direito de ser absolutamente insuportáveis (ainda bem, é a minoria). Além de Copa, obviamente amo meu Rio de Janeiro... Bom, não gosto muito de Bangu, Sulacap, Colégio... Aliás, nem conheço esses lugares! Falo do Rio das paisagens que aparecem nas novelas do Maneco, é claro! A orla do Leme ao Leblon... A Urca... Os corpos sarados que desfilam em Ipanema... O Cristo... O Pão de Açúcar... O Jardim Botânico etc. O Aterro é a paisagem mais linda do mundo!!

À primeira vista pode ter parecido tudo muito antipático! Não é essa a minha intenção... Ou talvez seja... A verdade é que fiz esse espacinho para expor coisas que me incomodam, coisas que incomodam uma jovem de classe média alta.

De uns tempos para cá sinto que perdi a minha voz perante a sociedade! De repente me parece que eu deveria ter vergonha de morar bem, frequentar bons restaurantes e gastar em um final de semana, ou numa só night, uma quantia que muitos não conseguem ganhar em um mês de trabalho... De repente virei uma patricinha fútil que não tem o direito de reclamar, uma patricinha que deveria ficar quieta e satisfeita com "tudo" o que tem, uma patricinha mal agradecida que sempre busca mais e sonha alto, apesar de já ter o que muitos jamais conseguirão... Mas por que eu tenho que ter vergonha disso?

Sendo assim, através deste blog quero resgatar o direito de não sentir culpa por conta da minha condição social! Meu pai nunca precisou de dinheiro de cuecas e meias ou de panetones. Ralou a vida inteira e rala até hoje para manter nosso padrão de vida! Começou a trabalhar aos 7 anos de idade na olaria do pai... E agora, cá estamos nós! À beira do mar de Copacabana! Ainda hoje, aos 61 anos de idade meu pai trabalha, e muito, para manter o nosso padrão de vida!

Já eu estou terminado a faculdade de Direito, sou estagiária de um escritório de Advocacia, e provavelmente ainda vou ralar muito para continuar a manter a "minha boa vida de playboy"... E eu tenho que ter vergonha disso???? Por que??? Ninguém nos deu nada de graça, como acontece com as pessoas que moram nas favelas e ganham casas do governo ou os políticos larápios que fazem a festa com o dinheiro público ou ainda os ricaços que sonegam impostos... Nós, da classe média, pagamos um preço muitíssimo alto para manter uma vida confortável... E devemos ter vergonha?

Então é isso pessoal... Quero poder gritar!!

Bjokas enormes!!! Até a próxima!!

Ahhh.. E patricinha é o c@$#%*lho!